História da Astronomia
1. Introdução.
Basta olharmos para o céu e estamos envolvidos com a astronomia. Pouca gente não olhou para as estrelas e ficou imaginando os mistérios do universo e o lugar que nele ocupa o homem. A astronomia conta uma história fascinante, uma história ainda mais arrebatadora por causa da facilidade com que qualquer pessoa pode participar da observação astronômica. A história da astronomia está cheia de contribuições valiosas feitas por amadores, mesmo hoje, quando os astrônomos profissionais trabalham com equipamento caro e altamente sofisticado, ainda há lugar para o observador amador com seu pequeno telescópio. É possível tirarmos muita satisfação da astronomia sem outro equipamento além do olho. Um bom conhecimento do céu é uma coisa bastante agradável e a visão das estrelas e dos planetas brilhando contra o fundo da Via-Láctea, num céu limpo, talvez ainda seja a experiência mais emocionante de toda a astronomia.
A Terra onde vivemos é apenas um planeta de uma família que gira em torno do Sol, enquanto que este não é mais que uma estrela comum no enorme sistema estelar (a Via-Láctea), que é a nossa galáxia. Da mesma forma, nossa galáxia é simplesmente uma pequena partícula entre as incontáveis galáxias que vão até o extremo do universo visível. Algumas dela tão distantes que sua luz leva milhares de milhões de anos para chegar até nós. Na verdade, o universo que pode ser observado abrange centenas de milhares de milhões de milhões de milhões de quilômetros. Contra o fundo do universo a Terra parece realmente bem insignificante. E o homem, muito mais insignificante ainda!
Porem, se olharmos para a outra extremidade da escala, o homem não parece tão pequeno. O átomo, o tijolo fundamental da matéria, só tem o diâmetro de um décimo de milionésimo de um milímetro. A explicação de gigantescos fenômenos astronômicos depende do que acontece dentro do átomo minúsculo. Assim, a astronomia relaciona as maiores e as menores coisas que conhecemos.
2. A História do desenvolvimento dos conceitos da Astronomia.
2.1 Primeiros observadores dos céus.
Talvez os homens mais primitivos já reconhecessem algumas formas organizadas no céu, mas o começo organizado da astronomia certamente ocorreu por volta de 3.000 a.C. Sem dúvida, para as tribos mais antigas, os corpos celestes eram da maior importância prática. O Sol fornecia calor e luz durante o dia, enquanto a Lua fornecia luz durante a noite. O comportamento regular do nascer e pôr do Sol, das fases da Lua e das posições do Sol em relação às estrelas, em estações diferentes, davam ao homem meios de regular a vida. Evidentemente, os antigos observadores dos céus tratavam o Sol com um deus e a Lua como uma deusa. As estrelas eram luzes fixas num hemisfério sólido sob, a Terra plana, enquanto eclipses, cometas e estrelas cadentes eram manifestações dos deuses que controlavam o destino da humanidade.
Muitas das idéias antigas parecem estranhas hoje. Por exemplo, alguns afirmavam que a Terra plana era apoiada no dorso de quatro enormes elefantes de pé sobre a carapaça de uma imensa tartaruga que, por sua vez se apoiava numa serpente flutuando num oceano sem limites.
O registro organizado de acontecimentos astronômicos data das primeiras grandes civilizações conhecidas – especialmente as que se desenvolveram na China, Índia, América do Sul e Oriente Médio. Há imensas dificuldades para se analisar os velhos registros, frequentemente em tabuinhas de pedra, mas é quase certo que os chineses construíram relógios de sol de tipo avançado e estabeleceram, há quase 5.000 anos, um calendário de 365 dias. Cinco “estrelas errantes” ou planetas eram certamente conhecidos no ano 2.500 a.C. e alguns deles devem ter sido descobertos bem antes. Fizeram registros cuidadosos e descobriram certas relações que lhes permitiram prever alguns eclipses. Conta-se a história de dois infelizes astrônomos da corte , Hsi e Ho, que deixaram de prever um eclipse e colocaram em risco a segurança do mundo, pois quando acontecia um eclipse, os chineses pensavam que o Sol fora engolido por um enorme dragão. Toda a população se reunia para fazer o máximo de barulho possível para espantá-lo. Sempre dava certo!
2.2 Babilônios e egípcios.
Etapas semelhante de avanço no começo da astronomia foram alcançadas independentemente por diversas civilizações, mas esse conhecimento tendia a desaparecer com o seu declínio. Só no dos babilônios e dos egípcios, a informação e o conhecimento astronômicos passaram para outros povos. Os babilônios fizeram muitas medidas precisas de estrelas e planetas, não para o progresso da ciência, no sentido moderno, mas com o objetivo de adivinhar a vontade dos deuses, sendo eles o Sol, a Lua e o planeta Vênus. Foram matemáticos notáveis, desenvolvendo uma forma de álgebra e usando um sistema numérico sexagesimal (baseado em 60, da mesma forma que o nosso sistema decimal é baseado no 10).
A civilização egípcia desenvolveu-se ao longo das margens do Nilo. As enchentes do rio eram uma questão de vida ou morte para os primeiros habitantes. A previsão da cheia anual era da maior importância e logo ficou evidente que o calendário lunar então em uso não era suficientemente preciso. Os egípcios perceberam que a vinda das cheias coincidia com a época em que a estrela Sirius começava a ficar visível no céu de aurora estabeleceram um calendário muito preciso, baseado nos movimentos dessa estrela. Seu ano tinha 365 dias e meio, embora usassem um calendário civil de 365 dias, consistindo em doze meses de 30 dias e um feriado de 5 dias.
Um aspecto interessante é que a Grande Pirâmide de Quéops tem um corredor principal orientado na direção em que se achava o pólo norte celeste nessa época. O eixo de rotação da Terra descreve um movimento de precessão (como o de um pião) de modo que o pólo norte celeste, isto é, o ponto no céu diretamente vertical com relação ao pólo norte terrestre, descreve um círculo no céu, num período de cerca de 26 mil anos. A estrela que se encontra mais perto do pólo norte celeste é conhecida como a “estrela polar”. Atualmente a estrela alfa da Ursa Menor. Há 4.500 anos, segundo a Grande Pirâmide, era a estrela Thuban da constelação do Dragão.
Porém, os egípcios consideravam suas observações astronômicas puramente como uma conveniência prática e fizeram pouco ou nenhum progresso na teoria astronômica. Idéias realmente revolucionárias em astronomia teriam que esperar a chegada dos gregos.
2.2 Os astrônomos gregos.
Os fundamentos da ciência, tal qual a conhecemos, foram estabelecidos na Grécia de 700 a.C. até 200 a.C. Os gregos eram pensadores e experimentadores racionais. Seu desenvolvimento foi realmente notável na geometria e considerável sua contribuição à astronomia.
Seu primeiro grande astrônomo foi Tales de Mileto (nascido em 640 a.C.), que acreditava que o universo era esférico: na opinião dos gregos, o circulo e a esfera eram formas perfeitas. Aristóteles (384-322 a.C.) apresentou a idéia de que a Terra não era chata, baseando-se em duas observações importantes. Primeiro, ele sabia que as posições das estrelas mudavam no céu, conforme se caminhasse para o norte ou para o sul. Em segundo lugar, percebera que a sombra da Terra na Lua, durante um eclipse da Lua, era curva. As duas observações só poderiam ser explicadas se a Terra fosse uma esfera.
Pouco depois, Eratóstenes mediu a circunferência da Terra, obtendo um valor de 40.250 km (bem próximo do número aceito hoje). Seu método foi maravilhosamente simples: mediu a diferença angular entre as posições do Sol ao meio-dia nas cidades de Alexandria e Syene (atual Assuã). Tendo medido a distancia real entre as duas cidades, foi fácil calcular a distancia em volta do globo (um ângulo de 360º). Este cálculo será pormenorizado mais adiante.
Hiparco (190-120 a.C.) deve ter sido o maior astrônomo grego. Entre suas muitas descobertas tem importância relevante a sistematização da trigonometria, seu catalogo de estrelas e o descobrimento da precessão do eixo terrestre.
A opinião grega definida sobre o universo foi fixada por Ptolomeu no livro Almagesto, escrito no século II a.C., baseou-se quase inteiramente nas teorias de Hiparco. Embora Aristarco tenha sugerido que a Terra girasse em torno do Sol, os gregos fixaram a Terra no centro do universo e, ao seu redor, movimentavam-se ao longo de órbitas circulares, em ordem de distancia, a Lua, os planetas Mercúrio e Vênus, o Sol, planetas Marte, Júpiter e Saturno, e finalmente a esfera de estrelas fixas. Os movimentos observados dos planetas não eram tão regulares quanto se se movessem em circulo e Ptolomeu introduziu movimentos adicionais, em forma de epiciclos e excêntricos, para corrigir essa anomalia no seu sistema.
O epiciclo era um circulo adicional, menor que a órbita circular principal. O centro do epiciclo, o excêntrico, movia-se em torno do circulo principal (com a Terra no centro), enquanto o planeta se movia ao redor do epiciclo e era levado pelo movimento de translação deste. A forma final, assim, era bastante complicada mas representava a idéia fundamental que hoje está nas séries de Fourier.
2.3 As trevas da Idade Média.
Após a época de Ptolomeu, declinou a grande civilização grega e pouco se progrediu em astronomia. A civilização entrou em uma idade das trevas, ciência virtualmente deixou de existir e a cosmologia de Aristóteles e Ptolomeu permaneceu como dogma por mais de mil anos. Infelizmente a idéia de uma Terra esférica caiu no esquecimento durante esse longo período.
Contudo, vários séculos após a morte de Ptolomeu, os árabes começaram a ter grande interesse pela observação astronômica. Muitos dos nomes de estrelas usados hoje são de origem árabe: Aldebarã (olho do touro), por exemplo, uma brilhante estrela vermelha da constelação do Touro. Os árabes mediram as posições das estrelas com precisão considerável. Um passo à frente foi seu sistema de medir o brilho estelar, muito semelhante ao nosso sistema de magnitudes. Porém, eles se interessavam muito mais pela astrologia e suas medidas precisas eram mais dirigidas à previsão do futuro que a simples aquisição de conhecimentos astronômicos.
2.4 A Renascença.
De repente, pelo menos em comparação com os últimos e longos séculos de inatividade, surgiu um novo interesse pela astronomia na Europa. Era o século XV, o começo da grande ressurreição da cultura humana, a Renascença.
Cronologicamente, costuma-se apontar o ano de 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos) como o início da Renascença. O término é mais impreciso e difere conforme o ponto de vista considerado.
A razão é que antes de ser uma época, a Renascença foi um estado de espírito. Representou a transição entre a Idade Média e os chamados Tempos Modernos. Essa transição, rápida nas artes, nas letras e na filosofia, foi muito mais lenta e muito mais difícil no campo da ciência.
A Renascença foi primeiro, uma época de intensa curiosidade em que se procuraram novos caminhos tanto nos mares (o descobrimento do Brasil é fruto da Renascença), como do pensamento.
Foi uma época de intensa atividade artística e literária em que se reformulou o problema do homem frente à religião, à filosofia e à ciência.
Ao mesmo tempo em que o homem tomava consciência da sua inteligência, descobria que essa inteligência, a serviço da independência e da autonomia do pensamento, podia levar às estonteantes aventuras da criação intelectual.
Foi durante a Renascença que nasceu, realmente, o humanismo.
Evidentemente, para construir uma filosofia nova em torno do homem e de tudo o que se relaciona com ele, era preciso destruir primeiro os velhos conceitos, esquecer tradições e apagar certos modos de pensar.
3. Astronomia na nossa vida (reflexões).
Em quase todas as noites de céu limpo podemos distinguir uma região mais estrelada, aproximadamente na direção norte-sul. Essa região é chamada de Via Láctea (caminho do leite). Daí o nome da nossa galáxia. Essa faixa mais estrelada do céu corresponde a uma vista por dentro da nossa galáxia. Como se víssemos um enxame estando dentro dele. Todas as estrelas que vemos no céu são vizinhas dentro desse enxame. Só existem três objetos no céu, facilmente visíveis a olho desarmado e que não pertencem a nossa galáxia. São as duas nuvens de Magalhães (a nuvem maior e a nuvem menor) e a “Nebulosa” de Andrômeda (Galáxia de Andrômeda) que também costuma ser designada por M31. As duas primeiras são duas regiões nevoentas próximas ao Pólo Sul celeste. Essas duas nebulosas foram vistas pela primeira vez pelo navegador português Fernão de Magalhães quando de sua viagem de circunavegação do continente americano, por volta de 1.520. Estes dois aglomerados estão a uma distância de 90.000 Anos Luz (o que significa que a luz demora 90.000 anos para percorrer a distância que nos separa) e são consideradas galáxias satélites da nossa. A Galáxia de Andrômeda é o mais belo exemplar de uma galáxia espiral. Sua distância é de 2,5 milhões de Anos Luz. Isto significa dizer que, quando vemos essa distante galáxia, estamos recebendo a luz que dela partiu a 2,5 milhões de anos atrás.
Mesmo a essa tremenda distância a galáxia de Andrômeda é considerada nossa vizinha. Essa galáxia juntamente com a nossa (Via Láctea), as nuvens de Magalhães e outras 23 galáxias constituem o chamado Grupo Local. O Grupo Local é, portanto, um conjunto de 27 galáxias. Para além do Grupo Local há um grande espaço vazio depois do qual começam novamente a aparecer galáxias em grande número, sem um fim aparente. Tanto quanto alcançam os telescópios óticos e os rádios-telescópios vão aparecendo galáxias em grande profundidade no espaço. Galáxias que quanto mais distantes, mais rapidamente se afastam de nós, indicando que vivemos em um Universo imenso e que continua a crescer (expandir-se).
Hoje sabemos que só nossa galáxia, a Via Láctea, é formada por aproximadamente 200 bilhões de estrelas. Uma parte dessas estrelas pode ter planetas, tal como o Sol. Das que tem planetas, algumas podem ter planetas com vida. Das que tem planetas com vida, algumas podem ter planetas com vida inteligente. Das que tem planetas com vida inteligente, algumas poderiam ter uma civilização alto grau de desenvolvimento tecnológico, como na Terra atualmente. Satisfeitas essas premissas, que rumos essa civilização pode tomar? Tornar-se-á mais segura e estável, ou tende a se destruir? Essas são as grandes interrogações que pairam sobre a humanidade.
A ciência não pode certamente resolver todos os problemas da humanidade. Ela não pode garantir que a humanidade sobreviverá. Parece também certo que a humanidade não poderá sobreviver sem a ciência. Alguns dos grandes e mais graves problemas com que se defronta a vida humana sobre o planeta só poderão ser resolvidos com a ajuda da ciência. O crescente aumento na demanda de alimentos, energia, transporte, habitação, medicamentos e outras necessidades, exigem um alto grau de desenvolvimento tecnológico. O desenvolvimento tecnológico não pode existir se o desenvolvimento da ciência. Por outro lado, uma ciência e uma tecnologia avançadas podem trazer grandes problemas se forem orientadas primordialmente pela filosofia do lucro (a poluição ambiental e as armas de destruição em massa são o maior exemplo disso).
A aplicação e o desenvolvimento da ciência parecem indispensáveis à sobrevivência da humanidade. Isso porém não parece bastar. Será necessário também que as conquistas da ciência e tecnologia sejam colocadas inteiramente a serviço da humanidade.
Se isso não acontecer, continuaremos a ver a maior parte das conquistas da ciência e tecnologia aplicadas em agentes cada vez mais ameaçadores à vida e à inteligência.
Entretanto, a colocação da ciência inteiramente a serviço da humanidade não se fará por acaso ou por encanto. Será preciso que mais gente conheça CIÊNCIA e não se contente em fazer dela somente um meio de ganhar dinheiro.
E você, o que pensa fazer com a sua ciência?
Sua vida será a resposta!
Basta olharmos para o céu e estamos envolvidos com a astronomia. Pouca gente não olhou para as estrelas e ficou imaginando os mistérios do universo e o lugar que nele ocupa o homem. A astronomia conta uma história fascinante, uma história ainda mais arrebatadora por causa da facilidade com que qualquer pessoa pode participar da observação astronômica. A história da astronomia está cheia de contribuições valiosas feitas por amadores, mesmo hoje, quando os astrônomos profissionais trabalham com equipamento caro e altamente sofisticado, ainda há lugar para o observador amador com seu pequeno telescópio. É possível tirarmos muita satisfação da astronomia sem outro equipamento além do olho. Um bom conhecimento do céu é uma coisa bastante agradável e a visão das estrelas e dos planetas brilhando contra o fundo da Via-Láctea, num céu limpo, talvez ainda seja a experiência mais emocionante de toda a astronomia.
A Terra onde vivemos é apenas um planeta de uma família que gira em torno do Sol, enquanto que este não é mais que uma estrela comum no enorme sistema estelar (a Via-Láctea), que é a nossa galáxia. Da mesma forma, nossa galáxia é simplesmente uma pequena partícula entre as incontáveis galáxias que vão até o extremo do universo visível. Algumas dela tão distantes que sua luz leva milhares de milhões de anos para chegar até nós. Na verdade, o universo que pode ser observado abrange centenas de milhares de milhões de milhões de milhões de quilômetros. Contra o fundo do universo a Terra parece realmente bem insignificante. E o homem, muito mais insignificante ainda!
Porem, se olharmos para a outra extremidade da escala, o homem não parece tão pequeno. O átomo, o tijolo fundamental da matéria, só tem o diâmetro de um décimo de milionésimo de um milímetro. A explicação de gigantescos fenômenos astronômicos depende do que acontece dentro do átomo minúsculo. Assim, a astronomia relaciona as maiores e as menores coisas que conhecemos.
2. A História do desenvolvimento dos conceitos da Astronomia.
2.1 Primeiros observadores dos céus.
Talvez os homens mais primitivos já reconhecessem algumas formas organizadas no céu, mas o começo organizado da astronomia certamente ocorreu por volta de 3.000 a.C. Sem dúvida, para as tribos mais antigas, os corpos celestes eram da maior importância prática. O Sol fornecia calor e luz durante o dia, enquanto a Lua fornecia luz durante a noite. O comportamento regular do nascer e pôr do Sol, das fases da Lua e das posições do Sol em relação às estrelas, em estações diferentes, davam ao homem meios de regular a vida. Evidentemente, os antigos observadores dos céus tratavam o Sol com um deus e a Lua como uma deusa. As estrelas eram luzes fixas num hemisfério sólido sob, a Terra plana, enquanto eclipses, cometas e estrelas cadentes eram manifestações dos deuses que controlavam o destino da humanidade.
Muitas das idéias antigas parecem estranhas hoje. Por exemplo, alguns afirmavam que a Terra plana era apoiada no dorso de quatro enormes elefantes de pé sobre a carapaça de uma imensa tartaruga que, por sua vez se apoiava numa serpente flutuando num oceano sem limites.
O registro organizado de acontecimentos astronômicos data das primeiras grandes civilizações conhecidas – especialmente as que se desenvolveram na China, Índia, América do Sul e Oriente Médio. Há imensas dificuldades para se analisar os velhos registros, frequentemente em tabuinhas de pedra, mas é quase certo que os chineses construíram relógios de sol de tipo avançado e estabeleceram, há quase 5.000 anos, um calendário de 365 dias. Cinco “estrelas errantes” ou planetas eram certamente conhecidos no ano 2.500 a.C. e alguns deles devem ter sido descobertos bem antes. Fizeram registros cuidadosos e descobriram certas relações que lhes permitiram prever alguns eclipses. Conta-se a história de dois infelizes astrônomos da corte , Hsi e Ho, que deixaram de prever um eclipse e colocaram em risco a segurança do mundo, pois quando acontecia um eclipse, os chineses pensavam que o Sol fora engolido por um enorme dragão. Toda a população se reunia para fazer o máximo de barulho possível para espantá-lo. Sempre dava certo!
2.2 Babilônios e egípcios.
Etapas semelhante de avanço no começo da astronomia foram alcançadas independentemente por diversas civilizações, mas esse conhecimento tendia a desaparecer com o seu declínio. Só no dos babilônios e dos egípcios, a informação e o conhecimento astronômicos passaram para outros povos. Os babilônios fizeram muitas medidas precisas de estrelas e planetas, não para o progresso da ciência, no sentido moderno, mas com o objetivo de adivinhar a vontade dos deuses, sendo eles o Sol, a Lua e o planeta Vênus. Foram matemáticos notáveis, desenvolvendo uma forma de álgebra e usando um sistema numérico sexagesimal (baseado em 60, da mesma forma que o nosso sistema decimal é baseado no 10).
A civilização egípcia desenvolveu-se ao longo das margens do Nilo. As enchentes do rio eram uma questão de vida ou morte para os primeiros habitantes. A previsão da cheia anual era da maior importância e logo ficou evidente que o calendário lunar então em uso não era suficientemente preciso. Os egípcios perceberam que a vinda das cheias coincidia com a época em que a estrela Sirius começava a ficar visível no céu de aurora estabeleceram um calendário muito preciso, baseado nos movimentos dessa estrela. Seu ano tinha 365 dias e meio, embora usassem um calendário civil de 365 dias, consistindo em doze meses de 30 dias e um feriado de 5 dias.
Um aspecto interessante é que a Grande Pirâmide de Quéops tem um corredor principal orientado na direção em que se achava o pólo norte celeste nessa época. O eixo de rotação da Terra descreve um movimento de precessão (como o de um pião) de modo que o pólo norte celeste, isto é, o ponto no céu diretamente vertical com relação ao pólo norte terrestre, descreve um círculo no céu, num período de cerca de 26 mil anos. A estrela que se encontra mais perto do pólo norte celeste é conhecida como a “estrela polar”. Atualmente a estrela alfa da Ursa Menor. Há 4.500 anos, segundo a Grande Pirâmide, era a estrela Thuban da constelação do Dragão.
Porém, os egípcios consideravam suas observações astronômicas puramente como uma conveniência prática e fizeram pouco ou nenhum progresso na teoria astronômica. Idéias realmente revolucionárias em astronomia teriam que esperar a chegada dos gregos.
2.2 Os astrônomos gregos.
Os fundamentos da ciência, tal qual a conhecemos, foram estabelecidos na Grécia de 700 a.C. até 200 a.C. Os gregos eram pensadores e experimentadores racionais. Seu desenvolvimento foi realmente notável na geometria e considerável sua contribuição à astronomia.
Seu primeiro grande astrônomo foi Tales de Mileto (nascido em 640 a.C.), que acreditava que o universo era esférico: na opinião dos gregos, o circulo e a esfera eram formas perfeitas. Aristóteles (384-322 a.C.) apresentou a idéia de que a Terra não era chata, baseando-se em duas observações importantes. Primeiro, ele sabia que as posições das estrelas mudavam no céu, conforme se caminhasse para o norte ou para o sul. Em segundo lugar, percebera que a sombra da Terra na Lua, durante um eclipse da Lua, era curva. As duas observações só poderiam ser explicadas se a Terra fosse uma esfera.
Pouco depois, Eratóstenes mediu a circunferência da Terra, obtendo um valor de 40.250 km (bem próximo do número aceito hoje). Seu método foi maravilhosamente simples: mediu a diferença angular entre as posições do Sol ao meio-dia nas cidades de Alexandria e Syene (atual Assuã). Tendo medido a distancia real entre as duas cidades, foi fácil calcular a distancia em volta do globo (um ângulo de 360º). Este cálculo será pormenorizado mais adiante.
Hiparco (190-120 a.C.) deve ter sido o maior astrônomo grego. Entre suas muitas descobertas tem importância relevante a sistematização da trigonometria, seu catalogo de estrelas e o descobrimento da precessão do eixo terrestre.
A opinião grega definida sobre o universo foi fixada por Ptolomeu no livro Almagesto, escrito no século II a.C., baseou-se quase inteiramente nas teorias de Hiparco. Embora Aristarco tenha sugerido que a Terra girasse em torno do Sol, os gregos fixaram a Terra no centro do universo e, ao seu redor, movimentavam-se ao longo de órbitas circulares, em ordem de distancia, a Lua, os planetas Mercúrio e Vênus, o Sol, planetas Marte, Júpiter e Saturno, e finalmente a esfera de estrelas fixas. Os movimentos observados dos planetas não eram tão regulares quanto se se movessem em circulo e Ptolomeu introduziu movimentos adicionais, em forma de epiciclos e excêntricos, para corrigir essa anomalia no seu sistema.
O epiciclo era um circulo adicional, menor que a órbita circular principal. O centro do epiciclo, o excêntrico, movia-se em torno do circulo principal (com a Terra no centro), enquanto o planeta se movia ao redor do epiciclo e era levado pelo movimento de translação deste. A forma final, assim, era bastante complicada mas representava a idéia fundamental que hoje está nas séries de Fourier.
2.3 As trevas da Idade Média.
Após a época de Ptolomeu, declinou a grande civilização grega e pouco se progrediu em astronomia. A civilização entrou em uma idade das trevas, ciência virtualmente deixou de existir e a cosmologia de Aristóteles e Ptolomeu permaneceu como dogma por mais de mil anos. Infelizmente a idéia de uma Terra esférica caiu no esquecimento durante esse longo período.
Contudo, vários séculos após a morte de Ptolomeu, os árabes começaram a ter grande interesse pela observação astronômica. Muitos dos nomes de estrelas usados hoje são de origem árabe: Aldebarã (olho do touro), por exemplo, uma brilhante estrela vermelha da constelação do Touro. Os árabes mediram as posições das estrelas com precisão considerável. Um passo à frente foi seu sistema de medir o brilho estelar, muito semelhante ao nosso sistema de magnitudes. Porém, eles se interessavam muito mais pela astrologia e suas medidas precisas eram mais dirigidas à previsão do futuro que a simples aquisição de conhecimentos astronômicos.
2.4 A Renascença.
De repente, pelo menos em comparação com os últimos e longos séculos de inatividade, surgiu um novo interesse pela astronomia na Europa. Era o século XV, o começo da grande ressurreição da cultura humana, a Renascença.
Cronologicamente, costuma-se apontar o ano de 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos) como o início da Renascença. O término é mais impreciso e difere conforme o ponto de vista considerado.
A razão é que antes de ser uma época, a Renascença foi um estado de espírito. Representou a transição entre a Idade Média e os chamados Tempos Modernos. Essa transição, rápida nas artes, nas letras e na filosofia, foi muito mais lenta e muito mais difícil no campo da ciência.
A Renascença foi primeiro, uma época de intensa curiosidade em que se procuraram novos caminhos tanto nos mares (o descobrimento do Brasil é fruto da Renascença), como do pensamento.
Foi uma época de intensa atividade artística e literária em que se reformulou o problema do homem frente à religião, à filosofia e à ciência.
Ao mesmo tempo em que o homem tomava consciência da sua inteligência, descobria que essa inteligência, a serviço da independência e da autonomia do pensamento, podia levar às estonteantes aventuras da criação intelectual.
Foi durante a Renascença que nasceu, realmente, o humanismo.
Evidentemente, para construir uma filosofia nova em torno do homem e de tudo o que se relaciona com ele, era preciso destruir primeiro os velhos conceitos, esquecer tradições e apagar certos modos de pensar.
3. Astronomia na nossa vida (reflexões).
Em quase todas as noites de céu limpo podemos distinguir uma região mais estrelada, aproximadamente na direção norte-sul. Essa região é chamada de Via Láctea (caminho do leite). Daí o nome da nossa galáxia. Essa faixa mais estrelada do céu corresponde a uma vista por dentro da nossa galáxia. Como se víssemos um enxame estando dentro dele. Todas as estrelas que vemos no céu são vizinhas dentro desse enxame. Só existem três objetos no céu, facilmente visíveis a olho desarmado e que não pertencem a nossa galáxia. São as duas nuvens de Magalhães (a nuvem maior e a nuvem menor) e a “Nebulosa” de Andrômeda (Galáxia de Andrômeda) que também costuma ser designada por M31. As duas primeiras são duas regiões nevoentas próximas ao Pólo Sul celeste. Essas duas nebulosas foram vistas pela primeira vez pelo navegador português Fernão de Magalhães quando de sua viagem de circunavegação do continente americano, por volta de 1.520. Estes dois aglomerados estão a uma distância de 90.000 Anos Luz (o que significa que a luz demora 90.000 anos para percorrer a distância que nos separa) e são consideradas galáxias satélites da nossa. A Galáxia de Andrômeda é o mais belo exemplar de uma galáxia espiral. Sua distância é de 2,5 milhões de Anos Luz. Isto significa dizer que, quando vemos essa distante galáxia, estamos recebendo a luz que dela partiu a 2,5 milhões de anos atrás.
Mesmo a essa tremenda distância a galáxia de Andrômeda é considerada nossa vizinha. Essa galáxia juntamente com a nossa (Via Láctea), as nuvens de Magalhães e outras 23 galáxias constituem o chamado Grupo Local. O Grupo Local é, portanto, um conjunto de 27 galáxias. Para além do Grupo Local há um grande espaço vazio depois do qual começam novamente a aparecer galáxias em grande número, sem um fim aparente. Tanto quanto alcançam os telescópios óticos e os rádios-telescópios vão aparecendo galáxias em grande profundidade no espaço. Galáxias que quanto mais distantes, mais rapidamente se afastam de nós, indicando que vivemos em um Universo imenso e que continua a crescer (expandir-se).
Hoje sabemos que só nossa galáxia, a Via Láctea, é formada por aproximadamente 200 bilhões de estrelas. Uma parte dessas estrelas pode ter planetas, tal como o Sol. Das que tem planetas, algumas podem ter planetas com vida. Das que tem planetas com vida, algumas podem ter planetas com vida inteligente. Das que tem planetas com vida inteligente, algumas poderiam ter uma civilização alto grau de desenvolvimento tecnológico, como na Terra atualmente. Satisfeitas essas premissas, que rumos essa civilização pode tomar? Tornar-se-á mais segura e estável, ou tende a se destruir? Essas são as grandes interrogações que pairam sobre a humanidade.
A ciência não pode certamente resolver todos os problemas da humanidade. Ela não pode garantir que a humanidade sobreviverá. Parece também certo que a humanidade não poderá sobreviver sem a ciência. Alguns dos grandes e mais graves problemas com que se defronta a vida humana sobre o planeta só poderão ser resolvidos com a ajuda da ciência. O crescente aumento na demanda de alimentos, energia, transporte, habitação, medicamentos e outras necessidades, exigem um alto grau de desenvolvimento tecnológico. O desenvolvimento tecnológico não pode existir se o desenvolvimento da ciência. Por outro lado, uma ciência e uma tecnologia avançadas podem trazer grandes problemas se forem orientadas primordialmente pela filosofia do lucro (a poluição ambiental e as armas de destruição em massa são o maior exemplo disso).
A aplicação e o desenvolvimento da ciência parecem indispensáveis à sobrevivência da humanidade. Isso porém não parece bastar. Será necessário também que as conquistas da ciência e tecnologia sejam colocadas inteiramente a serviço da humanidade.
Se isso não acontecer, continuaremos a ver a maior parte das conquistas da ciência e tecnologia aplicadas em agentes cada vez mais ameaçadores à vida e à inteligência.
Entretanto, a colocação da ciência inteiramente a serviço da humanidade não se fará por acaso ou por encanto. Será preciso que mais gente conheça CIÊNCIA e não se contente em fazer dela somente um meio de ganhar dinheiro.
E você, o que pensa fazer com a sua ciência?
Sua vida será a resposta!